sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Meu filho (a) esta namorando... Meu bebe cresceu...


Você a (o) carregou na barriga por nove meses. Deu de mamar, vestiu, colocou para dormir, e foi acompanhando, com olhos atentos, seu desenvolvimento. Vibrou com as primeiras palavras pronunciadas, segurou suas mãozinhas pra lá e pra cá para que, finalmente, aprendesse a perambular sobre dois membros somente. Quando foi ver, já estava dando de presente uma bicicleta sem rodinhas! Apesar de participar de todas essas transformações, é inevitável não levar um susto na hora que a ficha cai: sua cria está crescendo. E, o choque é ainda maior quando você descobre que o seu eterno bebê está... namorando.
A dificuldade de lidar com essa situação - quando o filho surge com sua primeira namorada ou, o que costuma ser ainda mais complicado, a filha dá início ao seu primeiro relacionamento amoroso – não é algo sem cabimento. Afinal, após anos de convívio, a família se depara com um contexto inédito, fazendo surgir em cada um uma série de sentimentos e emoções. "Os pais sentem como se estivessem sendo trocados ou perdendo os filhos, já que o namorado ou namorada passa a ocupar um importante papel na vida deles. Além de se sentirem inseguros, é comum terem receio do que pode acontecer entre o novo casal. É uma situação desconhecida para todos, e pode gerar conflitos maiores ou não. Vai depender da estrutura da família”, esclarece a terapeuta familiar Vera Soumar.
A tendência dos pais é achar que ainda é cedo demais para que suas crias adentrem no mundo do amor. Alguns até estipulam uma idade limite, principalmente quando a cria é do sexo feminino. "Eu e meu marido sempre orientamos nossa filha para que ela começasse a pensar em namorado só depois dos 15 anos, para ela não se machucar. Se a gente, que é adulto, já se atrapalha... Só que não adiantou nada: ela começou aos 13”, relata Regina Carvalho. O pior é que a menina escolheu um garoto mais velho (o que não é nem um pouco raro de acontecer), para preocupação ainda maior dos pais. “Fiquei apavorada. O rapaz era muito maduro pra ela, mais experiente, fiquei receosa e tentei proibir o namoro. Depois, fui descobrir que eles estavam namorando escondido há um ano! Não teve jeito. Pelo visto, o amor não tem mesmo idade. Conversei com o meu marido e botei o garoto aqui dentro de casa”, conta a mãe, que achou melhor levar a filha ao ginecologista para evitar sustos. Uma verdadeira demonstração de sensatez.
Mas não é só pro lado das meninas que os pais apertam a rédea, não. Quer dizer, na hora de colocar freio nos meninos, a responsabilidade fica mesmo é com a mãe. Na casa do estudante Vitor Souza Faria, de 23 anos, nunca houve muita liberdade para namorar. “Minha mãe não achava bonitinho que eu e meu irmão namorássemos, não. Ela dizia que se me visse agarrado com alguém na rua, me levaria pra casa, porque eu deveria estar estudando. Eu tinha mais ou menos uns 14 anos nessa época. Ela acha que namoro tira muito a atenção do adolescente, mas é claro que tem um pouco de ciúmes de mãe aí no meio”, revela Vitor, que também tem uma irmã mais nova, de 17 anos, para quem o namoro ainda é um campo desconhecido (pelo menos até onde Vitor sabe). “Meus pais são conscientes de que, mais cedo ou mais tarde, ela vai começar a namorar. Já passou da fase de eles dizerem não para isso, só tentam adiar ao máximo”, diz ele, confessando que não vai deixar qualquer um se aproximar da irmã, não.
Não é apenas por ciúmes que os pais – e até os irmãos, avós, padrinhos... – torcem o nariz para os namorados dos filhos. A preocupação é mais que pertinente, uma vez que os adolescentes, cada vez mais novos, iniciam sua vida sexual. E, como todo mundo sabe, sexo está longe de ser brincadeira. “O incômodo dos pais pode não ser simplesmente uma questão de ciúmes, inveja da juventude perdida, competição com os filhos ou medo de envelhecer. O receio de que a filha engravide ou o filho engravide a namorada é muito grande, e com razão. Nem o acesso a informações corretas impede que um grande número de adolescentes engravide”, ressalta Vera Soumar, chamando atenção para o fato de que o instinto protetor dos pais pode estar correto. “Às vezes, eles sentem que o filho ainda não está preparado para voar ou está pulando etapas, o que também não é ideal para o seu desenvolvimento. Por isso, é importante que estejam atentos ao dia-a-dia do adolescente, acompanhando o desenvolvimento da sua maturidade física e emocional”, frisa a terapeuta.
De qualquer modo, é mais do que natural os pais precisarem de um tempo para conseguir lidar bem com o fato dos filhos estarem colocando o pé no mundo das paixões. Se a dificuldade de se adaptar à nova realidade dos filhos se prolongar, prolongar, prolongar..., é sinal de que o pai, a mãe ou os dois não estão conseguindo controlar suas emoções. “Com o tempo, eles devem tentar colocar suas emoções no lugar, refletir sobre seus sentimentos e procurar acomodá-los dentro deles. Com bases sólidas no amor, na verdade e na confiança, a família vencerá qualquer crise. E ainda crescerá com as dificuldades”, conclui Vera Soumar
Créditos
: http://www.bolsademulher.com/familia/meu-bebe-esta-namorando